Uma das dúvidas que os clientes sempre tem é sobre a multiplicação e divisão das orquídeas. Dependendo do método escolhido, você pode fazer em sua casa. Porém algumas das formas somente um laboratório especializado consegue sucesso.
Vamos começar com uma conversa que sempre tenho que repetir.
Oi professor, comprei sementes de orquídeas pela internet e gostaria de saber como faço para ter minhas mudinhas
A resposta que eu dou é sempre a mesma:
Jogue fora.
O motivo eu explico para você logo abaixo.
Quantas formas existem de reprodução das orquídeas
Existem basicamente quatro formas de se reproduzir uma orquídea:
- Através das sementes (muito difícil)
- Clonagem (somente em laboratório);
- Divisão de torcerias (basta aprender);
- Ou a mais fácil: os famosos keikis.
Reprodução por sementes
Essa a única forma que as orquídeas tem de se multiplicar na natureza. Mas por ser comum na natureza não faz disso uma forma fácil de se replicar de forma artesanal ou em casa.
As sementes das orquídeas são muito pequenas e não conseguem germinar sozinhas. Elas só se desenvolvem na presença de um fungo, o Micorriza ou Micorrhyzum, que é gera uma associação mutualística de tipo simbiótico. Esse fungo é presente nas raízes de algumas plantas, e, entre elas, nas orquídea adultas. Esse fungo é quem fornece as condições adequadas de acidez e a disponibilidade de nutrientes necessários à germinação das sementes.
Em quantidades grandes, o fungo toma conta e domina o cenário, impedindo o crescimento das sementes. E se algum outro fungo ou bactéria ficar no mesmo local, eles podem atrapalhar a relação entre a semenete e o Microrriza, impedindo que a planta cresça. Por tanto, na natureza, somente em pouquíssimos locais as orquídeas germinam.
Após a fecundação da flor (quando o pólen é inserido no ovário), as pétalas começam a se secar, juntamente com o estigma irá se fechar e, desse modo, entumece, e tem início o processo para a formação do fruto. Esse fruto é que contém as sementes.
Esse fruto (ou também chamado de cápsula) pode center cerca de 100mil a 500 mil sementes, minísculas. Essa cápsula pode levar de 3 a 12 meses para crescer a amadurecer, a depender da espécie.
Imagine agora que, na natureza, a cápsula abre, expondo as sementes ao vento, que carrega elas por todos os locais. Dessas 500mil sementes, se dez germinarem, é um grande avanço. Sendo que as sementes se espalham por um raio imenso, já que são facilmente carregadas pelo vento.
Para que serve o aroma ou fragrância da orquídea?
Naturalmente para que quem polenize a flor possa ser atraído por seu aroma especial. Este é um dos artifícios naturais das orquídeas para atrair, em sua maioria, insetos, que carregarão o pólen de uma planta para outra. Às vezes o vento também pode polenizar as flores.
E as orquídeas que não tem aroma como fazem para serem polinizadas?
Das plantas na natureza que não possuem perfume, tem como atração dos insetos as cores vívidas. Existem inclusive, certas espécies de orquídeas que praticam o mimetismo, ou seja, fazem certas partes de sua flor se parecer com a fêmea de insetos, atraindo os machos e assim distribuir seus pólens.
Mas existe outras forma de reprodução das Orquídeas?
Sim, uma delas é reprodução por meristema ou clonagem. Neste caso a planta clonada tem todas as características da planta mãe, sendo perfeitamente igual. Mas é uma técnica mais complexa e requer muito conhecimento e práticas laboratoriais favoráveis e assépticas para o desenvolvimento desta tecnologia. Um clone de orquídea é uma planta geneticamente idêntica derivada assexuadamente vindo de uma planta original.
A multiplicação por meristema ou clonagem: possível somente em laboratórios especializados
Na multiplicação clonal, também chamada de micropropagação in vitro, a produção de mudas é obtida a partir de partes da planta ou mesmo de um pequeno conjunto de células que, exatamente por serem poucas, permitem uma seleção que as livrem de contaminação por patógenos, sobretudo vírus. Sob condições ideais, que só podem ser alcançadas em laboratório e com uma equipe treinada, as células se multiplicam e podem ser subdivididas em qualquer quantidade.
A qualidade, padronização e saúde das mudas asseguram sua viabilidade. A clonagem de plantas é uma técnica surgida nos anos 1960. A fitosanidade é garantida pelo teste Elisa (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay), específico para cada vírus. Portanto, pode-se observar que essa forma de multiplicação é sofisticada e requer muito investimento em tecnologia, financeiro e de recursos humanos especializados.
Mas existe outra maneira mais simples de se ter uma mudinha?
Sim. A d forma mais básica de se obter um clone de uma orquídea é dividindo elas. Para isso, tem certas técnicas que precisam ser observadas, e nem todas as espécies podem ser divididas por touceiras.
Para executar essa tarefa você deve retirar a planta do vaso, limpar bem e cortar a planta em um local apropriado, usando uma lâmina estéril em duas ou mais seções. Cada parte deve ter um sistema de raízes saudável em um caule novo ou cerca de três a quatro pseudobulbos, dependendo da espécie de orquídea e da vitalidade dela.
Depois de dividir, replante as partes divididas em vasos novos, prestando atenção para colocar a sua planta de forma correta no vaso, mantendo a planta ereta e firme. Monitore a luz e regue e a adubação à medida que elas se reestabelecem. As orquídeas recentemente replantadas preferem uma aguagem suave à medida que elas se ajustam ao choque do transplante.
As plantas recém divididas podem florescer logo?
As plantas divididas normalmente começam a florescer depois de 12 meses após a divisão. Com técnicas corretas, é possível que ela floresça com 3 ou 6 meses, dependendo da espécie e da época do ano que você faça.
Mas não tem outra forma mais simples?
Claro que sim, e desta vez é a mais fácil. São os Keikis de uma planta, e são produzidos assexuadamente por uma orquídea.
Os keikis ocorrem somente em algumas espécies de orquídeas como phalaenopsis, dendrobium, epidendrum, cattleya tênuis etc. Eles se formam ao longo do pseudobulbo das plantas, e são cópias exatas da planta mãe e irá produzir uma orquídea idêntica se for deixada para crescer nela.
Exemplos de Keikes em várias fases de crescimento.
Na foto da esquerda, tem 3 Keikes. Uma na ponta superior, e dois no meio, parecendo pequenos espinhos. Nas outras duas fotos é bem mais visível, inclusive já com raízes.
Os Keikis podem ser replantados?
Os Keikis podem ser removidos, plantados em seus próprios vasos e nutridas até começarem a florir. Espere até que tenham se formado raízes e duas ou três folhas antes de removê-lo da planta mãe.
E quais os finalmentes?
Sendo assim você agora tem boas possibilidades de aumentar seu plantel de orquídeas sem ter que comprar novas plantas, mas lembre-se, ao dividir, se você não sabe as técnicas corretas, você pode correr o risco de matar sua planta.
As orquídeas retribuem toda a nossa dedicação com suas maravilhosas flores, então fica difícil resistir à tentação de multiplicá-las. Mas sempre faça isso com responsabilidade e com o conhecimento.